Indicators of Compromise (IoCs) e sua Relevância na Gestão de Identidades

Publicado

Por

Alfredo Santos

Em um cenário digital onde ameaças cibernéticas estão em constante evolução, os Indicators of Compromise (IoCs) se destacam como ferramentas cruciais para identificar e mitigar riscos. Esses indicadores são evidências observáveis de que um sistema, rede ou identidade pode ter sido comprometido, permitindo uma resposta mais ágil e eficiente a incidentes de segurança. Neste artigo, exploraremos o conceito de IoCs, sua aplicação na gestão de identidades (Identity Management) e como eles podem ser integrados às práticas modernas de segurança cibernética.

O que são Indicators of Compromise (IoCs)?

Os IoCs são informações específicas que indicam a presença ou atividade de ameaças maliciosas em um ambiente digital. Eles podem ser coletados de diversas fontes, como logs de sistemas, relatórios de incidentes ou análises forenses. Exemplos comuns de IoCs incluem:

  • Endereços IP suspeitos: Identificados em comunicações maliciosas.
  • Hashes de arquivos maliciosos: Indicadores de malware conhecidos.
  • URLs ou domínios maliciosos: Associados a campanhas de phishing ou disseminação de malwares.
  • Comportamentos anômalos: Como múltiplas tentativas de login falhas ou acessos em horários atípicos.
  • Alteracões não autorizadas: Modificações em sistemas ou configurações sem justificativa lícita.

Esses indicadores permitem às equipes de segurança identificar rapidamente a presença de uma possível ameaça e iniciar medidas corretivas.

A Relação entre IoCs e Gestão de Identidades

A gestão de identidades é um dos pilares da segurança da informação, garantindo que apenas usuários autorizados tenham acesso aos recursos apropriados. Nesse contexto, os IoCs desempenham um papel essencial na proteção de credenciais e na detecção de acessos não autorizados.

1. Monitoramento e Detecção de Acessos Suspeitos

IoCs podem ser utilizados para identificar atividades suspeitas relacionadas a identidades. Exemplos incluem:

Tentativas de login repetitivas: Indicadores de ataques de força bruta, onde um invasor tenta diversas combinações de senhas.

Logins fora do padrão: Acessos realizados de localizações geográficas incomuns ou em horários não usuais para o usuário.

Comportamentos não usuais: Como o uso de sistemas ou aplicativos que o usuário nunca acessou antes.

2. Resposta a Incidentes

Quando IoCs são detectados, soluções de Identity and Access Management (IAM) podem ser configuradas para tomar medidas automáticas, como:
Bloquear o acesso de usuários potencialmente comprometidos.
Forçar uma nova autenticação com MFA (Autenticação Multifator).
Gerar alertas em tempo real para as equipes de segurança, permitindo uma investigação detalhada.

3. Integração com Sistemas de SIEM e UEBA

Ferramentas como Security Information and Event Management (SIEM) e User and Entity Behavior Analytics (UEBA) consomem IoCs para oferecer visibilidade aprimorada e análises preditivas:
SIEM: Correlaciona eventos registrados nos logs para identificar padrões maliciosos relacionados a identidades.
UEBA: Analisa os comportamentos de usuários e entidades, detectando desvios que podem indicar comprometimentos.
Essas integrações permitem que organizações correlacionem eventos em tempo real e adotem medidas preventivas.

4. Políticas de Gestão de Acesso Baseadas em Risco

A aplicação de políticas dinâmicas baseadas em risco é outra área onde IoCs são extremamente valiosos. Por exemplo:
Bloquear ou limitar acessos vindos de dispositivos ou localizações associadas a IoCs conhecidos.
Exigir MFA para logins que venham de IPs ou regiões que constam em listas de bloqueio (blacklists).
Essas políticas garantem que as medidas de segurança sejam adaptadas ao contexto, aumentando a proteção sem comprometer a usabilidade.

Casos Práticos de IoCs em Gestão de Identidades

Vamos explorar três situações comuns onde IoCs são aplicados na gestão de identidades:

1. Ataques de Credential Stuffing

Esses ataques utilizam credenciais vazadas em outros serviços para tentar acessar contas em sistemas diferentes. IoCs, como listas de credenciais comprometidas, ajudam as organizações a:
Identificar tentativas de login com credenciais conhecidas como comprometidas.
Bloquear automaticamente esses acessos e alertar os proprietários das contas afetadas.

2. Campanhas de Phishing

Campanhas de phishing visam roubar credenciais por meio de sites ou e-mails fraudulentos. IoCs associados a URLs ou domínios maliciosos permitem:
Bloquear acessos a esses sites antes que o usuário insira informações sensíveis.
Alertar os usuários sobre tentativas de phishing em andamento.

3. Malware Voltado para Roubo de Credenciais

Malwares projetados para capturar credenciais podem ser identificados com base em IoCs, como hashes ou assinaturas de arquivos maliciosos. Isso possibilita:
Impedir a execução desses malwares nos dispositivos da organização.
Identificar dispositivos comprometidos para remediação rápida.

Benefícios de Alinhar IoCs com Gestão de Identidades

A integração de IoCs com a gestão de identidades oferece diversos benefícios, incluindo:
Melhor visibilidade: Permite identificar rapidamente acessos suspeitos e comportamentos que indicam comprometimentos.

Respostas automatizadas: Garante reações práticas e ágeis antes que um ataque cause mais danos.

Redução de riscos: Minimiza o impacto de credenciais comprometidas e previne o uso indevido de acessos.

Aumenta a eficiência operacional: Automatiza detecções e respostas, reduzindo a carga de trabalho das equipes de segurança.

Conclusão

Os Indicators of Compromise (IoCs) são aliados poderosos na gestão de identidades, oferecendo um nível adicional de proteção contra ameaças cibernéticas. Sua integração com ferramentas como IAM, SIEM e UEBA permite não apenas identificar comprometimentos, mas também responder a eles de forma eficiente e proativa. Com ameaças crescentes e cada vez mais sofisticadas, o uso de IoCs é essencial para proteger identidades, dados e recursos organizacionais.

Ao adotar uma abordagem baseada em IoCs, as organizações conseguem não apenas melhorar sua postura de segurança, mas também demonstrar um compromisso claro com a proteção das informações de seus usuários e clientes.

Alfredo Santos

Alfredo Santos é um líder na comunidade brasileira de IAM, professor do assunto na FIA, Autor de livros de IAM/IAG e responsável pelo evento IAM Tech Day. Possui 25 anos de experiência no assunto IAM por ter atuado em empresas e projetos importantes, alguns deles em âmbito global. Atualmente lidera projetos globais de IAM que afeta grupos de empresas nas Américas, Asia e Europa.

Linkedin: https://www.linkedin.com/in/alfredosantos/